domingo, agosto 30, 2015

Poemas de mim



Depois de um desaparecimento, um reencontro. 
Deixo um sentimento corrente travestido de poema:


"Isso não me ocorria antes, não com a mesma frequência que agora 
Tenho inveja das saias esvoaçantes, dos chinelos abertos e do andar arrastado.
De ver novidade por todo canto e achar meu lar em cada lugar.
Sinto falta da estranheza da falta de rotina.
Do inconsciente consciente em se desprogramar.
Sinto falta de muito, mas tenho pouco tempo.
Mal dá tempo de largar os sapatos fechados
e sandaliar por aí.
Só por aí."

(Por Gisele Freire)


domingo, julho 07, 2013

Das vidas paralelas

Calma, eu explico. Sim, "das vidas paralelas". Quem não as tem? Acredito que toda vez que fazemos uma escolha ou vamos tomando o rumo "traçado" pelas oportunidades se apresentam pra nós, vamos de certa forma criando uma vida paralela repleta de "e se" e verbos no futuro do pretérito. Toda uma conjugação de hipóteses. Pelo menos comigo é assim...
Cada vez que decido algo que considero importante,  é tiro e queda. Dê mais um bocado de tempo e voilà: meus "e se" (s) aparecem. 

E se eu não tivesse aceitado aquele convite sem pé nem cabeça de te acompanhar naquele dia? E se eu tivesse entendido todos aqueles impedimentos como um obstáculo real? E se eu não tivesse tido coragem o bastante?

Se isso tudo tivesse acontecido, não seria a mesma a lhe escrever agora. As oportunidades e escolhas descartadas constroem minha vida paralela.  Isso faz a vida misteriosamente interessante. Todas as possibilidades que tive de ser outra, mas ao fim ter escolhido ser quem sou agora. Ainda num longo processo de reconhecer possibilidades que -mesmo improváveis- podem dar certo, de adaptação eterna com o diferente. Instalada numa realidade continuamente criativa e antropofágica, com a melhor referência a Oswald Andrade. As vezes me foi exigido a mudança de perspectiva para fazer minha seleção cotidiana mais eficaz em planos concretos. Com isso, relativizei até  minha antiga percepção de ciúmes - esse filho bastardo do amor, que por cá em minhas terras tupiniquins me juraram ser normal em doses concentradas.

Por momentos, pouco relutei em minimizar os efeitos dos pensamentos hipotéticos e me deixei levar. Carregada para projeções futuras, subitamente pessimistas, descartando as inúmeras dificuldades que já havíamos ultrapassado. Talvez esse seja um problema pessoal com relação às minhas vidas paralelas: um possível ceticismo com as futuras projeções. Meus "e se" (s) do passado parecem idealizações típicas de happy ever after, já as futuras... Filmes de terror, talvez. Pode ser porque nunca  tive um "grande amor" antes, mas é diferente. Acredite, é diferente. Tudo sempre é.

Daí, minha conclusão. Tudo começou encaminhado pra dar errado, mas estamos aqui. E juntos, contrariando a matemática com seus vários 0 à esquerda. Ainda bem que não acredito nessa exatidão. Não me lembro onde li, perdão, mas ainda é válida a citação "o amor até onde não tem cabimento".Minha memória conhece cada traço e expressão sua, fotografou mentalmente nossos momentos mais simples e gostosos. Tudo que parecia errado nos trouxe até aqui. Que sorte de infortúnio, não?


Só de um "e se" eu ainda não consegui me livrar: E se você estivesse aqui comigo agora?

sábado, maio 25, 2013

Novas tentativas

Eu não acreditei que voltaria, mas voltei. A gente sempre acaba voltando. Já faz um ano da última postagem. Meu perfil, pelo que considero, permanece a mesma coisa. A foto mudou, já 3 anos mais velha, eu tinha algumas linhas de expressão para atualizar.

Sempre acabo por ressuscitar o blog quando sinto algo incomum. Uma tristeza nova para fingir aqui, ops... escrever.  Um sentimento que ainda não encontrei forma de expressar- ou pelo menos neutralizar- por um outro viés. Isso, neutralizar é melhor! Não gosto quando sentimentos avassaladores me tomam. Ou talvez eu goste, mas só dos bons. Tristeza não, saudade não. Para isso venho aqui: n-e-u-t-r-a-l-i-zá- los.

Não quero me alongar. Só que sempre que dou as caras a tapa aqui de novo, fico com essa vontade de introduzir para depois escrever normalmente. Mania de introduções. Quem precisa delas?






segunda-feira, março 19, 2012

De volta pro meu aconchego...

          O retorno repentino daquela velha amiga: Inspiração.

          Eis que, quando eu já não acreditava que voltaria, uma vontade súbita corre-me novamente. Aquela antiga ânsia por escrever, deixar fluir fora de mim o que me toma por dentro. Cá entre nós, não via a hora de retomar esse prazeroso hábito que preenchia meu tempo, as vezes nem tão vago assim.

         Esperei, quase sem esperanças, por algo que me trouxesse inspiração, pois que é chegado o momento. Depois de desilusões e situações que realmente de influenciaram a desacreditar de muita coisa, reparo meu coração e abro de novo um sorriso. Talvez esse retorno não seja apenas da companheira "Inspiração", mas de mim mesma. Modificada, é certo, mas em essência, igual às edições anteriores. (Claro, Machado, "ainda inçada de descuidos e barbarismos".)

        Então, tomada por uma alegria sem par, digo: que seja revitalizado mais uma vez esse blog e que por vezes inúmeras ainda aqui eu venha a depositar minhas idéias :)

        Até mais ver, meus caros.
        Abraços grátis a todos.

sexta-feira, julho 01, 2011

Um amor para espíritos livres

Pois que ao som de Divano (Era), inicio agora a redação de um novo post. Novo será apenas o post, o tema já foi visto algumas vezes aqui, mas é infinito, como as tentativas de descobrir o que seria esse sentimento...  
Sim, “ah, o amor”, porém não assim, cheio de “aaaah”, florearei menos para mostrar melhor o que penso a respeito. Aviso antecipadamente, que você, querido leitor, talvez discorde de tudo que direi. Respeitarei também a sua opinião.
Há algumas semanas, li um artigo escrito por um amigo – agradeço ao André por apresentar-me seu texto - e me veio à tona uma vontade irrefreável de escrever sobre o que acredito com relação ao amor.  Infelizmente, minha irmã, que é meu braço e minha perna direita, não poderá revisar o texto de hoje. Assim, sinto-me no dever de pedir desculpas prévias pelos possíveis erros gramaticais e de digitação, nunca tenho paciência para as devidas revisões- mas não me alongarei nisso, não cabe ao assunto.
Não vejo muitos caminhos para fugir do clichê, mas farei o possível  (:
Acredito, e isso é sim muito pessoal, em um amor libertário. Por isso, custo a entender certas formas de amor que tentam me fazer engolir: relações com níveis de ciúmes excessivos, obsessões amorosas... Não desce por minha garganta. Sinceramente, evito classificar isso como amor. Aprecio minha liberdade – tenho muito amor à ela, tanto que não suportaria um relacionamento assim.  Da mesma forma, não acredito naquele amor indiferente; indiferença não é amor. Então, trato do que me parece cabível classificar como o inclassificável sentimento de amar : o amor que não é “muleta”, que não é mero fruto da rotina, que não é comodismo, nem é avassalador, que não pensa na posse do outro... Classifico, pois, o amor companheiro, edificante, aquele que faz a somar dois indivíduos bastantes em si, mas que procuram outro alguém a fim de compartilhar os bons e maus momentos. Nesse sentido, trato o amor de maneira geral, não especificamente entre casais. Seria bom dissertar mais sobre esse amor mais amplo, mas eu sairia parcialmente do tema proposto...
Gosto de partilhar da idéia de que o amor pode dar-se de inúmeras formas, dependendo dos momentos e pessoas que o celebram. Um casal harmonioso hoje, pode ser um “fiasco” amanhã. Viva a inconstância, a contingência da vida...
 Não creio ser isso algo ruim, se não permaneceram a jornada em harmonia, que sigam suas novas vidas felizes, ainda que com outras pessoas. Há tanto para se descobrir nesse mundo...É melhor  tornar-se mais próximo  daquele que irá ajudá-lo a ver o mundo de forma mais ampla, não dos que irão fechar as portas e janelas de forma a atrapalhar sua visão... Por isso acho que amor é também liberdade. Amor, na minha concepção, serve para crescimento, mesmo as desilusões e frustrações que insistem em tornarem-se seus acompanhantes inseparáveis. 
Claro que é muito possível que discordem do que foi escrito, está ficando subjetivo demais... no me gusta. Termino, então, sem respostas nem receitas de bolo. O amor é humano, diverso como nós – prefiro acreditar que temos a liberdade para sermos felizes e compartilharmos do amor da melhor que podemos.
Deixo então aos possessivos, as restrições; às mercenárias, deixo as jóias; aos ciumentos, a dúvida; aos demasiadamente sonhadores, o amor platônico; e ao meu amor, deixo a liberdade e a confiança.
OBS: o TÍTULO do post é uma remodelação do subtítulo da obra de Friedrich Nietzsche, Humano demasiado humano, cujo subtítulo original é “um livro para espíritos livres”.
Beijos, até.
Texto redigido no mês de junho, com atraso de publicação.
Agradecimentos especiais ao Leandro por ter tido paciência para ler
e comentar sobre o texto comigo, obrigada pela força (:


terça-feira, junho 14, 2011

São tempos difíceis para os sonhadores...

"Les temps sont durs pour les rêveurs"

Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain (O fabuloso destino de Amélie Poulain), 2001, é um filme francês dirigido por Jean-Pierre Jeunet. E não, caros leitores, não estou aqui para fazer uma resenha, nem spoiler. Conto apenas com certo nível de sensibilidade e observação do conteúdo da obra. Confesso que fiquei muito encantada com inúmeras coisas nesse filme: a abordagem, a fotografia, a narração... Senti-me uma Amélie Poulain por vezes também incontáveis.

Talvez eu possa dizer, talvez até com alguma certeza, que transito novamente. Particularmente, fazendo uso de sementes lançadas por esse filme. Isso pode parecer clichê, mas não o é, posto que algumas dessas sementes fertilizaram-se em mim. Ronovando-me mais uma vez. Outra vez retomo o que disse Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Lembra-vos ainda a minha teoria das edições humanas? Pois sabei que, naquele tempo, estava eu na quarta edição, revista e emendada, mas ainda inçada de descuidos e barbarismos." Então, estou na quarta.

Tenha calma, leitor, vou colocá-lo a par da situação. O que me ocorreu foi talvez certo tipo de epifania. Essas coisas simples que fazem todo o sentido. Sim, nada mais que uma - deixa-me ver...- estranha mistura de catarse e epifania. Sim, é isso. Uma menina elucidando-se sobre o prazer do cotidiano, do ato de surpreender - aos outros e a si-, da beleza da vida. A fotografia do filme e o enredo que prioriza os aspectos mais simples e que passam tantas vezes despercebidos por nós são os fatores que ajudaram a tornar espetacular este longa neocult.

Enfim, sei que estou diferente. Não só pelo filme, seria um exagero assim dizer. Falo pela tranquilidade. Ainda pela maior disposição em servir de variadas formas para o aprimoramento de algo, pessoa, obejto... Essa vontade de sugar o prazer das situações banais da rotina. Toda essa pressa de sentimentos que eu calei por um tempo que já não consigo mensurar. Sai de mim agora aquele sorriso mais leve, um otimismo leve, bons frutos estãopor vir...  Lembro-me mais de moderar minhas ações e, principalmente, moderar minhas moderações. Uma pessoa mais lúcida com o poder do sonho, talvez... Um alívio com a natureza humana, e só.

De qualquer forma, deixo o trailer logo abaixo para os mais curiosos. :)


Mas é aquela velha história... Nem sempre o que é bom para mim é bom para o outro também. Pode ser que seja apenas "mais um filme" na visão de alguns. Que seja! Esta aí a graça.

Beijos, boa noite.

segunda-feira, junho 13, 2011

Apontamentos sobre o Dia dos Namorados

Sim, sei que já se passou. Foi ontem, certamente. Entretanto, desejo comentar o assunto hoje, não estou muito atrasada, ainda há resquícios da data "in the air", as juras de amor de ontem ainda valem para hoje, talvez...

Pretendo começar com a origem. Afinal, por que o Dia dos Namorados no Brasil não é em 14 de fevereiro como na maioria dos países - que comemoram o Valentine's Day?
Simples, a data foi modificada pela proximidade com o dia de Santo Antônio, conhecido santo casamenteiro (comemorado hoje, dia 13 de Junho). Ademais, escolheram o mês de junho pela baixa das vendas. Observa-se que fizeram uma boa escolha de data pois atualmente o dia dos namorados é a 3° data comemorativa mais rentável para o comércio.
E sobre a data "original", correspondente ao dia de São Valentim, deu-se devido a morte do mesmo no dia 14 de fevereiro. Valentim era um bispo católico que celebrava casamentos, mesmo a contragosto do Rei. Foi condenado por isso e enquanto estava na prisão, cumprindo sua sentença, se apaixonou pela filha de um  carcereiro. Dizem que a moça era cega e que o bispo, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Por fim, quando estava por ser executado, Valentim escreveu uma mensagem para sua amada, "na qual assinava como 'seu namorado' ou 'de seu Valentim'".

Feita a introdução, gostaria ainda de tecer alguns comentários para o que notei nos últimos dias, às vésperas da celebração nacional do amor... Será que sou estranha, ou essa data está mesmo sem muito sentido? Mera troca de presentes. Reconfigurada, como outras que sabemos. Creio que a iniciativa capitalista venceu de novo, para a alegria dos comerciantes. O desespero dos namorados, entrando em lojas incontáveis, procurando o perfume da última coleção para dia dos namorados. O boticário, lotado. Uma fila de namorados com a mesma sacola e o mesmo conteúdo. Imaginarium igualmente, presentes padronizados, os quais "qualquer mulherzinha amaria".Tudo isso pra que? Mas seu amor não é especial? Não parece...

Sempre gostei mais dos presentes simbólicos, alternativos, especiais. Não, não digo jóias - deixo isso para os comentários das mercenárias, não meus. Eu gosto de rosa, não rosas. Uma, única e singular. Se eu recebesse um conjunto com 10, 15, sabe-se lá quantas, não conseguiria observar calmamente nem 2 delas. Dá-me uma, apenas. É o bastante para analisar, cheirar, tocar e ver sucumbir até a perda da última pétala... Eu gosto de originalidade, padronização demais me faz sentir como mais uma, no meio de tantas... Fico insegura. Eu prefiro comer em casa, seja lá o que for, preferência por algo feito por nós, dividimos a tarefa. Que tal? Não precisa gastar rios de dinheiro numa conta de restaurante, isso não é justo. Lá nem conseguimos ficar a vontade. Não necessita disso...


Mas por que estou falando nisso? Ora, não faço idéia. Não sei mais. Não faz sentido.
Nenhum.


"Aurea Mediocritas", uma rosa...
    Beijos.