terça-feira, novembro 30, 2010

Nota sobre 'Etnocentrismo - Sabe o que é isso?'

Como bem descreveu Everaldo Rocha:
"O etnocentrismo é uma visão de mundo onde o nosso grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas concepções do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.[...]Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade.
De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural.

O grupo do “eu” faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do “outro” fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível
O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com ao mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos."


Não foi e não é nada fácil. Apender a respeitar o outro; respeitar suas diferenças - as vezes tão incompatíveis com o que acreditamos.Mesmo assim, vale a pena tentar. Tenho tentado isso por todo esse ano. Acredito que é algo fundamental para uma vida em sociedade; em uma sociedade liberta de opressões às suas comunidades minoritárias.

A História das Sociedades foi escrita de acordo com atitudes etnocêntricas empreendidas em diferentes épocas.Foi marcada pela submissão dos oprimidos, catequização de índios, escravização de africanos, perseguições e limitações de muitos indivíduos... Tudo isso com o apoio de ideologias distorcidas e racistas. Portanto, o etnocentrismo  é um fenômeno atemporal.

A única solução que vejo, e claro baseio-me em pensamentos e percepções de antropólogos e cientistas sociais para dizer-lhes, é a relativização. O ato de se colocar no lugar do outro, deixar por certo tempo seu juízo de valor e propor adotar o do outro para entender melhor a situação. Não condicionar, pois, sua cosmovisão ao que você esta acostumado a entender como certo ou comum. Relativizar é valorizar a cultura alheia e compreender a importância da diversidade. Aí, começa o discurso clichê em que muito se diz e nada se faz.

O sistema no qual estamos inseridos possui diversas normas. Exemplo: sistema - tipos de cabelos; normas- cacheado, liso, enrolado, afro, etc. A prática etnocêntrica adota uma das normas como superior e subjulga as demais. Nesse contexto que verifica-se a necessidade de relativizar, de utilizar-se da alteridade - que nada mais é que equilibrar, destribuindo igualmente a valorização das diversas normas existentes.

Tire um tempo para refletir. Esqueça por alguns minutos o mundo caótico que vivemos.
E pare, e pense, e conclua: O mundo seria um lugar bem melhor se cada indiíduo aprendesse que viver em comunidade é estar em constante contato com o diferente e aprender a RESPEITÁ-LO. "Importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar-aí, goza de direito de existir e de co-existir." (Leonardo Boff)

Obrigada pela paciência com esse post.
Beijos & Abraços.
(Para ler o texto em sua íntegra, clique AQUI )

sábado, novembro 27, 2010

Nota Sobre Nordestinos

Recentemente, li no blog da Nara um texto que me pareceu muito bom. Um humor sutil, uma ironia inteligente de José Barbosa Junior.


'' Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".


Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos "amigos" Houaiss e Aurélio) do nosso país.


E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!


Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!


Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?


Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?


Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?


Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos... pasmem... PAULISTAS!!!


E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.


Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.


Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura...


Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner...


E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia...


Ah! Nordestinos...


Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?


Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.


Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!


Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!


Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário... coisa da melhor qualidade!


Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso... mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!


Minha mensagem então é essa: - Calem a boca, nordestinos!


Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.


Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.


Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”


Finalizo o post reconhecendo que nem todas as opiniões emitidas pelo autor são validadas como  minha opinião também. Não tenho nada contra o funk carioca, latino, whatever. Okay?


Beijos ;*

sexta-feira, novembro 26, 2010

Desabafo / Fluxo de Consciência

Nota sobre meu país, Brasil: Sim, gosto desse tom possessivo. Dá-me uma sensação de pertencimento e participação. Não sei bem como iniciar esse post, fluem tantas fragmentações de pensamentos e argumentos que não consigo capturar. Vou tomar uma água. Não imagine que pretendo falar dessa forma tão formal sobre nosso – meu e seu – país.
Não quero ficar aqui dando voltas em um nacionalismo recheado de ilusão. Aprendi a partir da realidade, da crítica. Na verdade, o que me esta incomodando – de tal forma que me faz escrever isso- é a visão diferente que tomei do Brasil.
Até mesmo com o Brazil (o Brasil olhado pelo estrangeiro)  estou indignada. É mais que estranho, pelo menos para mim, o imaginário do que é este país, fora dele. Fico reparando muito programas e pessoas que fazem as tantas opções de intercâmbios e programas interculturais. Notei uma semelhança entre  –aviso! Estimativa infundada e provavelmente sem precisão – 88% das pessoas que se propõe a vivenciar o aprendizado de uma cultura estrangeira e quem sabe “ensinar a cultura brasileira”: elas apresentam fortes sintomas de aculturação. Uma doença tão forte que não acredito estar fora do grupo, mas reconheço que estou em tratamento.
Para início de conversa, essa coisa de sair do país para estudar ainda me parece um tanto elitista. É essa a ferida que encontrei. Talvez as pessoas que perderam tempo demais a adorar os feitos europeus ao longo da História do Brasil, seguindo a risca o manual do eurocentrismo, não reparem nisso.  Uma perguntinha, você sabe quem civilizou o Brasil? Sabe mesmo? Não sou historiadora e não tenho mérito para fazer muito alarde sobre o assunto – é na meritocracia que vivemos, né? Porém, seria muita ingenuidade achar que fomos civilizados pelo Velho Mundo.  E o Brasil africano? E o ameríndio? Você acredita mesmo que meia dúzia de europeus brancos e cristãos criaram o que temos aqui hoje? Com muita sorte não.
Veja, repare bem nossa cultura. A conhecemos mesmo? Atualmente,  faço o possível para entender melhor o Brasil, seu verdadeiro povo. Não considero povo abrasileirado os moradores alienados em condomínios fechados da Barra da Tijuca. Não sei se sou só eu que estou cansada do ‘Brasil – Rio de Janeiro – Zona Sul’. Não desce mais pela minha garganta, entalou. Não engulo mais essa. E o SAMBA? E as religiões africanas, a capoeira, o calor humano, a alegria incompreensível desse povo? Quem relacionar  o velho mundo com isso, por favor, pare de ler isso aqui.
Eu gosto de ver como a história do Rio de Janeiro mostrou que o Povo – sim o Povo mesmo do rio de Janeiro, os cariocas não só por acaso geográfico, aqueles que conhecem mesmo a cidade, que vivem no Rio e não no acervo turístico – resistiu e resiste às opressões, ao descaso dos políticos e do resto do RJ e do Brasil. Enquanto lia matérias no site Favela Tem Memória, me deparei com algumas datas interessantes:
- 1893: Demolição do Cortiço Cabeça-de-Porco. Segundo os jornais da época, seus moradores aproveitaram os restos da estalagem para construir os primeiros barracos do Morro da Providência, antigo Morro da Favela.
- 1897: Soldados da Guerra de Canudos chegam ao Rio e se estabelecem no Morro da Providência.
- 1900: O Jornal do Brasil publica o texto: “Onde moram os pobres”, sobre os moradores do Morro da Favela: “O ilustre Dr. Pereira Passos, ativo e inteligente prefeito da cidade, já tem as suas vistas de arguto administrador voltadas para a ‘Favela’ e em breve providências serão dadas de acordo com as leis municipais, para acabar com esses casebres”.
As Favelas... Se acha que vou falar do que anda ocorrendo no Rio, prefiro não comentar. Vou ficar de olhos/ouvidos um tanto tapados para não ver/ouvir as babaquices que passam a dizer. Como se agora todos virassem profissionais da segurança pública... O que você acha de ficar excluído, segregado, ignorado do restante do lugar em que vive? Dá para entender porque são tantos os homens que agora fogem de um morro para o outro... Não estou defendendo bandido como você deve estar pensando, não tem nada a ver com isso. Estou evidenciando a cegueira do Estado com as mais de 600 favelas no Rio de Janeiro – cidade. (estatísticas do IBGE). Até o Rio ser escolhido para sede de jogos olímpicos nada se fazia...
Mas agora o Estado resolve colocar UPP até sabe-se lá onde. Se você  acha que é a solução, vá em frente. Tenho minhas crenças e descrenças na UPP. Já reparou que é só mais uma vez o Estado entrando com POLÍCIA para manter a ordem? Já reparou que não serão feitas pacificações em muitos lugares? Pode-se muito bem deixar milícias no poder de muitas favelas – Ah, eles garantem a segurança lá, dizem alguns. Você ingenuamente pensou que – Ah, agora o Estado está começando a se preocupar com os favelados (falo assim, carinhosamente, com todo respeito a quem mora nas favelas) ?? 
Sinto dizer que as milagrosas Unidades de Polícia Pacificadora estão localizadas COINCIDENTEMENTE (oh!) nas áreas nobres e naquelas que receberão projetos para o Rio 2016. Destruí algum conto de fadas? Se o fiz, me desculpe. Eu só queria abrir os olhos daqueles que parecem nem ter entendido a mensagem de Tropa de Elite 2.
Por último, eu percebi que não segui uma linha de raciocínio... Devem haver muitos erros, mas esse post especial eu não quero revisar. Eu sei o que penso, sei o que escrevi. O Título ia ser “Nota sobre  meu país, Brasil” mas mudei. Será DESABAFO.
 Abraços.

quinta-feira, novembro 25, 2010

Nota sobre amor/tempo

Primeiramente, leiam esse capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis. É simples, curto e grosso. Depois de feita a leitura, retomarei o sentido que algum trecho específico produziu para a minha cosmovisão. Provavelmente não será o mesmo que você destacou, isso acontece. Sinta cada palavra e o poder da digressão (flashback) que marca o contraste.


                                                                              
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
— Outra de menos...
— Outra de menos...
— Outra de menos...
— Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.
Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados. De certo tempo em diante não ouvi coisa nenhuma, porque o meu pensamento, ardiloso e traquinas, saltou pela janela fora e bateu as asas na direção da casa de Virgília. Aí achou no peitoril de uma janela o pensamento de Virgília, saudaram-se e ficaram de palestra. Nós a rolarmos na cama, talvez com frio, necessitados de repouso, e os dois vadios ali postos, a repetirem o velho diálogo de Adão e Eva.”
                                                                              
Agora sim será possível reiterar o meu ponto de vista sobre esse fragmento da obra. O trecho que mais saltou aos meus olhos foi  a interessante intervenção da noção de tempo ocorrida devido ao “sentimento amoroso” empregnado no narrador. Você percebeu? Usualmente o tempo era visto como indicador de “menos vida”,entretanto quando o narrador se encontrava num estado de espírito que costumamos identificar por “estar amando/apaixonado”,  o tempo tornou-se motivação e motivador: “Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados”
Sinceramente, apesar do pessimismo intrigante e atraente típico da prosa Machadiana, é possível recobrir o excerto de uma melancólica e romântica  percepção do que pode vir a ser ‘amor’. Ainda há outras distorções da noção temporal trazidas pela sensação, as vezes estranha, de saber-se envolvido emocionalmente. Desde Jorge Amado – uma preferência pessoal – até Vinícius de Morais propuseram tal observação em seus textos. Vinícius ficou eternizado por sua frase, que por pouco não vira ditado popular: “Que seja eterno enquato dure”. Logo, dessacralizando a visão idealizada do amor eterno para uma visão real de eterno amor. Já o autor baiano tratou de dar mais uma vertente a retratação da efemeridade do amor, em ‘Gabriela, Cravo e Canela’ escreveu em uma fala da protagonista: “Tudo que é bom, tudo que é ruim também termina por acabar.” Talvez esse trecho não mantenha uma relação tão direta com o assunto tratado nesse post, porém vale como fortificador da idéia  de que tudo passa – tanto para o bom amor, quanto para o mal amor. (Perdoem a falta de comprometimento com a coerência desse último período, mas acho que eu precisava escrever isso. Como disse uma vez Caio Fernando Abreu, repito: "Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta.". Para bom entendedor... é, você entendeu.)


 “Sem mais, despeço-me” seria formal demais? Sim, sim, talvez.
Então, abraços. Tenham um bom dia.
            
                   

quarta-feira, novembro 24, 2010

Velho e clichê " 1° post"

Já dava para perceber não é?
Não há nenhum outro ainda no blog. Então, só para que não haja reclamações acerca da subversão do ritual do blogueiro: "Oi, esse é o meu primeiro post. Que legal".

                                                            Foto meramente ilustrativa ;)

É isso, não costumo ver primeiros posts com conteúdo mesmo. Estaria por bem acabado.
No entanto, gostaria de sublinhar o que pode ter ficado muito vago com o "eu e o blog" ali no canto direito (lá na parte superior da página, ok?). Não pretendo fazer revoluções com a apresentação de idéias ultra-vanguardistas, nem fazer o que quase toda blogueira com um template tão "rosa e fofinho" faria - falar futilidades. Acho que esse blog é só de revolta - com os blogues que não acrescentam em nada a vida de quem lê, que não instigam reflexões, que não significam nada (Não que esse vá significar algo para você, vai saber).

O que eu não tinha para dizer eu já falei.
Por agora é só.
Boa tarde!