"O etnocentrismo é uma visão de mundo onde o nosso grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas concepções do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.[...]Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade.
De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural.
O grupo do “eu” faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do “outro” fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível
O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com ao mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos."
Não foi e não é nada fácil. Apender a respeitar o outro; respeitar suas diferenças - as vezes tão incompatíveis com o que acreditamos.Mesmo assim, vale a pena tentar. Tenho tentado isso por todo esse ano. Acredito que é algo fundamental para uma vida em sociedade; em uma sociedade liberta de opressões às suas comunidades minoritárias.
A História das Sociedades foi escrita de acordo com atitudes etnocêntricas empreendidas em diferentes épocas.Foi marcada pela submissão dos oprimidos, catequização de índios, escravização de africanos, perseguições e limitações de muitos indivíduos... Tudo isso com o apoio de ideologias distorcidas e racistas. Portanto, o etnocentrismo é um fenômeno atemporal.
A única solução que vejo, e claro baseio-me em pensamentos e percepções de antropólogos e cientistas sociais para dizer-lhes, é a relativização. O ato de se colocar no lugar do outro, deixar por certo tempo seu juízo de valor e propor adotar o do outro para entender melhor a situação. Não condicionar, pois, sua cosmovisão ao que você esta acostumado a entender como certo ou comum. Relativizar é valorizar a cultura alheia e compreender a importância da diversidade. Aí, começa o discurso clichê em que muito se diz e nada se faz.
O sistema no qual estamos inseridos possui diversas normas. Exemplo: sistema - tipos de cabelos; normas- cacheado, liso, enrolado, afro, etc. A prática etnocêntrica adota uma das normas como superior e subjulga as demais. Nesse contexto que verifica-se a necessidade de relativizar, de utilizar-se da alteridade - que nada mais é que equilibrar, destribuindo igualmente a valorização das diversas normas existentes.
Tire um tempo para refletir. Esqueça por alguns minutos o mundo caótico que vivemos.
E pare, e pense, e conclua: O mundo seria um lugar bem melhor se cada indiíduo aprendesse que viver em comunidade é estar em constante contato com o diferente e aprender a RESPEITÁ-LO. "Importa relativizar todos os modos de ser; nenhum deles é absoluto a ponto de invalidar os demais; impõe-se também a atitude de respeito e de acolhida da diferença porque, pelo simples fato de estar-aí, goza de direito de existir e de co-existir." (Leonardo Boff)
Obrigada pela paciência com esse post.
Beijos & Abraços.(Para ler o texto em sua íntegra, clique AQUI )



