terça-feira, junho 14, 2011

São tempos difíceis para os sonhadores...

"Les temps sont durs pour les rêveurs"

Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain (O fabuloso destino de Amélie Poulain), 2001, é um filme francês dirigido por Jean-Pierre Jeunet. E não, caros leitores, não estou aqui para fazer uma resenha, nem spoiler. Conto apenas com certo nível de sensibilidade e observação do conteúdo da obra. Confesso que fiquei muito encantada com inúmeras coisas nesse filme: a abordagem, a fotografia, a narração... Senti-me uma Amélie Poulain por vezes também incontáveis.

Talvez eu possa dizer, talvez até com alguma certeza, que transito novamente. Particularmente, fazendo uso de sementes lançadas por esse filme. Isso pode parecer clichê, mas não o é, posto que algumas dessas sementes fertilizaram-se em mim. Ronovando-me mais uma vez. Outra vez retomo o que disse Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Lembra-vos ainda a minha teoria das edições humanas? Pois sabei que, naquele tempo, estava eu na quarta edição, revista e emendada, mas ainda inçada de descuidos e barbarismos." Então, estou na quarta.

Tenha calma, leitor, vou colocá-lo a par da situação. O que me ocorreu foi talvez certo tipo de epifania. Essas coisas simples que fazem todo o sentido. Sim, nada mais que uma - deixa-me ver...- estranha mistura de catarse e epifania. Sim, é isso. Uma menina elucidando-se sobre o prazer do cotidiano, do ato de surpreender - aos outros e a si-, da beleza da vida. A fotografia do filme e o enredo que prioriza os aspectos mais simples e que passam tantas vezes despercebidos por nós são os fatores que ajudaram a tornar espetacular este longa neocult.

Enfim, sei que estou diferente. Não só pelo filme, seria um exagero assim dizer. Falo pela tranquilidade. Ainda pela maior disposição em servir de variadas formas para o aprimoramento de algo, pessoa, obejto... Essa vontade de sugar o prazer das situações banais da rotina. Toda essa pressa de sentimentos que eu calei por um tempo que já não consigo mensurar. Sai de mim agora aquele sorriso mais leve, um otimismo leve, bons frutos estãopor vir...  Lembro-me mais de moderar minhas ações e, principalmente, moderar minhas moderações. Uma pessoa mais lúcida com o poder do sonho, talvez... Um alívio com a natureza humana, e só.

De qualquer forma, deixo o trailer logo abaixo para os mais curiosos. :)


Mas é aquela velha história... Nem sempre o que é bom para mim é bom para o outro também. Pode ser que seja apenas "mais um filme" na visão de alguns. Que seja! Esta aí a graça.

Beijos, boa noite.

segunda-feira, junho 13, 2011

Apontamentos sobre o Dia dos Namorados

Sim, sei que já se passou. Foi ontem, certamente. Entretanto, desejo comentar o assunto hoje, não estou muito atrasada, ainda há resquícios da data "in the air", as juras de amor de ontem ainda valem para hoje, talvez...

Pretendo começar com a origem. Afinal, por que o Dia dos Namorados no Brasil não é em 14 de fevereiro como na maioria dos países - que comemoram o Valentine's Day?
Simples, a data foi modificada pela proximidade com o dia de Santo Antônio, conhecido santo casamenteiro (comemorado hoje, dia 13 de Junho). Ademais, escolheram o mês de junho pela baixa das vendas. Observa-se que fizeram uma boa escolha de data pois atualmente o dia dos namorados é a 3° data comemorativa mais rentável para o comércio.
E sobre a data "original", correspondente ao dia de São Valentim, deu-se devido a morte do mesmo no dia 14 de fevereiro. Valentim era um bispo católico que celebrava casamentos, mesmo a contragosto do Rei. Foi condenado por isso e enquanto estava na prisão, cumprindo sua sentença, se apaixonou pela filha de um  carcereiro. Dizem que a moça era cega e que o bispo, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Por fim, quando estava por ser executado, Valentim escreveu uma mensagem para sua amada, "na qual assinava como 'seu namorado' ou 'de seu Valentim'".

Feita a introdução, gostaria ainda de tecer alguns comentários para o que notei nos últimos dias, às vésperas da celebração nacional do amor... Será que sou estranha, ou essa data está mesmo sem muito sentido? Mera troca de presentes. Reconfigurada, como outras que sabemos. Creio que a iniciativa capitalista venceu de novo, para a alegria dos comerciantes. O desespero dos namorados, entrando em lojas incontáveis, procurando o perfume da última coleção para dia dos namorados. O boticário, lotado. Uma fila de namorados com a mesma sacola e o mesmo conteúdo. Imaginarium igualmente, presentes padronizados, os quais "qualquer mulherzinha amaria".Tudo isso pra que? Mas seu amor não é especial? Não parece...

Sempre gostei mais dos presentes simbólicos, alternativos, especiais. Não, não digo jóias - deixo isso para os comentários das mercenárias, não meus. Eu gosto de rosa, não rosas. Uma, única e singular. Se eu recebesse um conjunto com 10, 15, sabe-se lá quantas, não conseguiria observar calmamente nem 2 delas. Dá-me uma, apenas. É o bastante para analisar, cheirar, tocar e ver sucumbir até a perda da última pétala... Eu gosto de originalidade, padronização demais me faz sentir como mais uma, no meio de tantas... Fico insegura. Eu prefiro comer em casa, seja lá o que for, preferência por algo feito por nós, dividimos a tarefa. Que tal? Não precisa gastar rios de dinheiro numa conta de restaurante, isso não é justo. Lá nem conseguimos ficar a vontade. Não necessita disso...


Mas por que estou falando nisso? Ora, não faço idéia. Não sei mais. Não faz sentido.
Nenhum.


"Aurea Mediocritas", uma rosa...
    Beijos.

quarta-feira, junho 01, 2011

Breve Invasão Lírica (II)

Depois de uma primeira "invasão" lírica, apresenta-se aqui a segunda delas. O tema é diversificado, como já era de se esperar, eu não falaria sobre um mesmo objeto em dois posts diferentes.



" A cada tempo um pensamento, veria nisso uma atitude natural. Por que me limitam? Não me permitem mudar... Ora, pois que não me aguento mais presa nessas travas antigas, preciso de nova reconfiguração. Necessito dessa sequência ininterrupta de mutações. Só assim consigo ser quem sou, ou quem não sou. Pois se me perco, cá estou, mas se me acho, não me encontro mais. Não, e nunca estarei madura, me renovo a cada momento. Quem muito amadurece, logo torna-se morto. Por hora, quero a morte longe.

Não vivo mais acorrentada aos tempos de 'ontem', deixo-o ir com o raiar do dia. O 'hoje' exige de mim um alguém diferente. Não evoluo, também não fico estagnada, transformo-me como numa reta horizontal. Não há começo e não há fim, nem topo, nem inferioridade. Há mudança e só. Há inconstância, e muito. Há um tanto de mim, em variadas formas. "

- O que sou, Mudança.
(Texto e Fragmento por Gisele Freire)